quinta-feira, 22 de março de 2012

reino


(1)



PARTE I - maio vinha montado no frio . embarcações seguiam em comboio a rota costeira, em temor dos mitos marítimos . salvaguardas de vidas, almas errantes, rostos por chão . a cada golfada de vento estremeciam os corações tripulantes . madrugada não se deixava vencer pela barra do dia, insistente . sem escapatória, o imprevisto já demarcava seu território . gritos, atropelos, som de corpos chocando-se contra o mar...


PARTE II - uma nuvem medonha tingida de cinza.chumbo ladeando a rocha negra daquela enseada já era imagem tenebrosa o bastante para criar um monstro . uns juram conhecer as multifaces do deus vingador . outros vêem apenas as imagens criadas pela fabulação alheia . outros ainda fingem ver o que não viram com veemência .

15.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

----------------
(1) http://beautyfase.blogspot.com.br/2007_04_01_archive.html

tangente


(1)




com vírgulas escrevo outros dias . não há lágrimas nesses olhos escuros . réstias de um quase cedo desperdício . lua vem valsar com o frio ao meu redor . marcas de nosso pensamento levantam no ar . lembrar não faz só bem, há um quê de elementar nesse movimento quase involuntário . palavras difíceis gostam de mim e quase nunca há tempo pra esse diálogo . penso no improvável como um exercício caro e necessário . quero tocar qualquer âmago e senti-lo também meu, como se fosse em mim . não há porta a sair .


20.03.2012


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

------------
(1) http://panelinha.ig.com.br/site_novo/meuBlog/rita--945?PHPSESSID=89244a5bad8072780d583702229f2b4c

terça-feira, 20 de março de 2012

outonos

 


(1)



por debaixo de quase abril suspeito das tardes . flauta que toca ao longe traz melodias de vento arredio . sonatas ao horizonte atiçam sentidos e folhas quase tristes . já há cores esquecidas na memória . árvores nos espreitam em tramas de piquenique . nem alvos nem cinzentos, cantam pássaros nada tímidos . tua meiguice combina com esse tempo singelo, tingido de passado . ouço o que move as batidas de teu coração e não me surpreendo com as imagens que formam em mim, somente .

20.03.2012



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

----------------
(1) http://sumartins.files.wordpress.com/2010/06/image5.png

passarinho



(1)


à tarde, ouvi teu canto da minha janela . estirei a mão e lá se foi meu pensamento passear em outra tarde.espaço.sertão . dentro da vida... uma asa quebrada . dentro da noite... uma alma sem par . dentro do peito... um canto rouco . anoitece e tua existência chega até mim por notas e sintonias . somos tocados pela toada que habita nosso (só nosso) céu . ligados pela sinestesia, nossa irmã . ai de mim se não fosse nossa ponte feita do concreto.pensamento .

16.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


--------------
(1) http://www.flickr.com/photos/vanpad/6278121676/ - by Vanessa Padilha

rua


(1)



quero escrever poucas palavras e vê-las cair, pétalas jogadas . estremecer com tuas metáforas, qual frio de mar . saio e a rua não me desfaz em modernosa simplicidade . respiro e nunca esqueço um sonho de futuro . sinto um pé.de.quê prestes a romper a luz de minhas retinas . amanhã já nasce mais regada à essência que emanas quase em sonho . nada tem fim .

27.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


--------------------
(1)

mar de rio


(1)



frio a veranear em meu poente . brisa sem fresca equidistante . sopro em vapor passeia-me verticalmente . entre seria um bom nome para meu mundo . rasuras não me preocupam quando há mais pela janela . imprecisão combina com minhas cheias e estios . músicas enchem minhas salas de baile . versos descasados flutuam e ultrapassam meu telhado de palha . nas portas entalho rimas mancas . infinitas estações navegam junto a mim . iara em tom de verde.limo me espera para um instante a mais de encantamento .

26.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

------------------
 (1) http://pitangadoce.blogspot.com.br/2011/08/o-amor-e-grande-e-cabe-nesta-janela.html

doce discordância




(1)



doce discordância. dia em que trago nos sentidos um azedo de amora . inimaginável, vago pelo doce amargo das impossibilidades . aprendo um teorema a cada derrota previsível . não quero o plausível . na ausência do impossível não fio meu credo . antes quebrar um sonho do que apenas reunir os que já existem . nem margem nem centro me contentam: sou das lateralidades aptas a serem inventadas . ânsia de vastidão toma conta de mim . de nada a tudo, resta-me a razão consciente .

21.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


-----------------
(1) http://paoliumaaprendiz.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html

de estrelas

 
(1)




brilho deramado na poeira cósmica que somos nós . altura engrandecida por desvios estéreis, qual cabide de estereótipos . elementar rota de acesso perseguida à custa de apelos vazios . no alto de árvores, antes de certas esquinas, substituindo cérebros . escorrego na fria hipocrisia que se quer fábrica . conto um segredo pra quem quer ser somente lua .

10.12.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

------------------
(1) MIRÓ -  http://dialogospoeticosimello.blogspot.com.br/2011/06/pedaco-de-ceu.html

quinta-feira, 15 de março de 2012

[ por.do.sol ]

(1)






bailado de luzes brinca ante meus olhos e cantam árvores teimosas . mais à frente, azul se entre.te.ce com verdes a espreitar rosas.lilases vestidas quase de outono . vento sopra tempos escondidos no prateado que toma teus cabelos e te ensina charme em disfarce . lua tímida: da esquina estica os segundos de seu encontro com o sol, já espalhado na paisagem . tarde preguiçosa, a pregar peças, rouba o orvalho de amanhã e o cheiro da madrugada . dentro do tempo, pétala me ensina sonho pra te acordar - poesia .



15.03.2012

(atualizado em 15/03/2017 e em 15.03.2021)


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva



-------------
(1) Imagem - http://entreosoleasbrumas.blogspot.com/2007_10_01_archive.html
e https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNGrHVZu1tGvuFl0mjSjgvZxMdZT8XhTr641WNBv6EYxwo9Z8FRyCUVhOB1u9kABq433gCVmt5KrzrnokL67F1RnO4D_pby1WtICUXip2VC5D2_6IWWWLaTZLPr6CTYAwfrFTKscwb9ksE/s320/2i9qmms.jpg


 

terça-feira, 13 de março de 2012

[sem.ser]

(1)


vertiginosa, mais que anímica . razão menos que o escurecer . ao vento e sempre diferente . divergente e nunca ao amanhecer . sem sorrisos e quase alma . nas madrugadas, sorrateira e longe de extremos . ao alto com os azuis . pelos verdes, simples luz . nem radiosa, nem onipotente . apenas sem.ser... in.cer.te.za. 

16.02.2012


[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]


------------------
(1) http://ninaerafa.blogspot.com/2012/02/tem-que-ser-sempre-assim.html

quinta-feira, 8 de março de 2012

[ paisagem de enigma ]

(1)




réstia colore solidão . folhagem assombra desertos de ser . passo instantes sem cor diante deste agora . flores perdem furta-cor em nome do transparente e do vai s'embora . atalaias não lamentam meu foco quase míope de você . escarlate se perdeu rumo ao agora . esqueço que sei sentir saudade . busco caminhos doutos somente por impulso . afasto dúvida da vista turva . vento me ensina a colher imensidão camuflada em tuas chuvas . parto ao longe, no espaço . sou vista sinestésica .


07.03.2012


Andréa do N. Mascarenhas Silva 


(atualizado em 08/03/2017)


----------------
(1) Imagem:  http://nasestrellas.blogspot.com/2010/06/o-misterio-da-vida.html

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

fruir de amanhã

 (1)



alvoroço de tarde entrou por meus poros . decidida, escuto o futuro . elixir do próximo outono deixa no ar suas cores . àquela árvore menina fiz confidência que crescerá . quero o trem do infinito à disposição . agigantar janelas e portas em nossa construção . nem mínimo nem máximo dão conta de meus desejos: apenas o possível, o nem sempre palpável, o que evola . posso não ter consciência de tanta existência, mas sou partícula . nossa imagem sobre ponte permanece e já somos futuro .

28.02.2012


[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]


----------
(1) Imagem - http://odeliriodabruxa.blogspot.com/2011/10/ponte-de-amor.html

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

deixa


(1)



um mote perdido no meio do turbilhão de azuis despidos de solidão . hora da aura ir embora se faz quase antes e menos que depois de toda gente . só, no silêncio, ancoro rios sem sentido dado . não preciso apenas do que há: inenarável me faz bem . sob a face do maravilhoso também vislumbro o vil contentamento . tosco me ampara da queda em vazios . encosto um lamento no triste abandono . lavo um sorriso gasto, predileto . na noite descubro uma fresta ao teu lado e desço a outros tempos . sou era acordada na véspera .


20.02.2012



[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]


--------------
(1) http://stefanypereira16.blogspot.com/2010/09/nao-vale-pena-tentar-pedir-desculpas.html

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

[jardim]




 (1)


brisa sem sorriso. felicidade avessa a contentamentos. vida que passa entre as flores. esquecidas folhas decoram o chão. notas da música de zás-trás. revoltas de relva ressequida entram por meus pés. sopro de passado ganham ar rarefeito. mal-me-quer desiludido acorda sentimentos. perplexidades compram-se à vista. esgueiro-me de ventos íntimos que chegam desavisados. irresistível faz as vezes de quase incessante. amanhã lava-se ligeira dos vapores da tristeza...

31.01.2012


[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]

-------------
(1) Fonte da imagem: http://www.domtotal.com/agenda/detalhes.php?ageEveId=2457

sábado, 28 de janeiro de 2012

[compartir]



 *





vermelhos sem vertigem assomam e não há rastros. vivo a delicadeza de certo olhar. ter o rumo e quase não saber andar. traço um caminho de revés. meu pensamento tem claraboias de sorrisos e lágrimas. passos de um livro que não sei ler. acalento o que amo em sinestesias de um tempo esquecido. perto não é da ordem do que preciso.

28.01.2012




[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]

------------
* Foto do acervo da autora.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

sinos de vento

(1)




a noite passa por mim na música dos ventos

horas e águas tem ritmos parecidos, mas nunca se igualam

páro pra sentir vento e mar em equilíbrio deselegante

dentro do escuro as ondas disfarçam medos e ouvimos somente seus soluços

areia molhada.seca conspira com os ventos pra acalmar tantos mares em fúria de verão

mal sabe cada grão ínfimo das sandices eólicas

planos abortados a cada flor que toca o mar

ciclos quebrados, deuses contrariados

destino toma a frente das multidões e rege o coro de corações

ainda há casas sobre o mar, antes que o sol quebre o encanto daquelas brumas que tocaram meus sonhos

com os olhos posso ver apenas o que os outros sentidos permitem e essa mágica me basta

03.01.2012



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


----------
(1) Imagem - http://schsonia.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

sábado, 31 de dezembro de 2011

arcos


 (1)






lanço o olhar (ou a memória?) e sinto atmosfera que ainda não conheço


um sonho disfarçado em ritmo de futuro me tira do sério


entrevejo... abóbodas e um céu cinzento cada vez mais de perto


escuro me cabe mesmo em claras noites

araltos de invernos tristes escapam de algum canto

não há lirismo à venda, escorrem pelas estantes, infestam o chão e estancam ante meus pés

azul vem até mim em sobressaltos

na madrugada que se adianta sento e encontro outros tempos: paisagens me esperam tingidas de vinho


não reviro tormentas: acordo plena e com os pés no mar


vago por meus espaços imprecisos e sou aposta de um sim




31.12.2011




[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]



----------------
(1) http://www.mochileiros.com/bolivia-chile-peru-e-equador-em-60-dias-t19696.html





quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

um canto lírico derramado


(1)


querer


quero lirismo derramado nas ruas . mapas de insensatez e que não guiem Nada ou Ninguém . marcas da rotina não em meus olhos . QUEro . largo desespero com correntes caudalosas pra suportá-lo e sabê-lo indo . cabelos ecológicos que espelhem almas . mar de poesia pra me banhar em dias de madrugadas nossas . palco para monólogos desalentados com ruidos sujos . procissão de nossa eternidade quase em vão . sonhar a mão da criança que guarda e suporta o mundo, qual cântico drummoniano . lirismos...



30.11.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



-----------------------------
(1) Imagem - http://blogueluzesombra.blogspot.com/2011_03_01_archive.html







----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

(2)


aqueles olhos


especificos, irremediavelmente fugazes... longe de mim e ao mesmo tempo tão próximos, a me fitarem por dentro, na via da alma, rumo ao coração . estanques, mais que líquidos, formam paisagens absolutas de mistérios . as vezes sinto ressaca machadiana naqueles olhos . fogem de tristezas acumuladas . navegam um mar de ilusões em que sou convidada especial e não me dou ao charme da recusa . olhos que trazem pra mim enredos inventados em tons de furtacor . marEsia: marEpoesia .

29.11.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



------------
(2) Imagem - http://marybackes.blogspot.com/2011/12/alem-do-homem-o-homem-que-somos-alem.html



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[passado.presente]




(1)




o passado sopra aqui . meu coração partiu contigo . a lua comigo somente. a orquestra leva meu destino . anjos emprestam-me nuvens . não sei voar sem ti . o tempo não é outro que não o azul de tua camisa . embevecida de tuas imagens propagadas em palavras . valso as páginas que me destes a ler, quase a levitar . tenho você do modo mais sutil, impertinente e como ninguém consegue .



TRADUÇÃO: 

il passato.presenti


i colpi passato qui . il mio cuore è andato con te . la luna con me solo . l'orchestra prende il mio destino . angeli mi prestano nuvole . non può volare senza di te . il tempo non è altro che il blu della camicia . rapito propagato le immagini delle tue parole . valzer delle pagine che ho letto, quasi levitare . si ha la più sottile, impertinente e perché nessuno può .



01.12.2011



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva



--------------------
(1) Libélulas, s/d - Kashimira Jahveri (Índia) - Gravura em metal
FONTE: http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/04/28/para-comemorar-os-150-anos-do-nascimento-de-alberto-de-oliveira/


sábado, 17 de dezembro de 2011

Senhora do mar




(1)

MINICONTO 



(versão 1)
Era dia da Senhora do Mar. Espelho, flor, água de cheiro, pedidos escritos-entoados-imaginados. Pés sem pedir licença profanam o mar. Ritos que se completam no tempo do reino do sol. Uma menina de cabelos dourados apanha as flores que ficaram no caminho e, à flor da infância, orna seu castelo de imaginção. Dentro dele deu morada à sereia que imitava dona Iemanjá. Com as flores decorou também a bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, a mesma que ensinara os segredos de encantar sereias. Por do sol ofusca-me a vista dessa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até meus olhos...



08.12.2011



(versão 2)
dia de senhora do mar . espelho, flor, água de cheiro . sonho derramado em pranto . pedido inscrito em oração . cantos entoados dentro e em cada ciranda improvisada . pés sem pedir licença profanam mar . ritos que se completam no tempo do reino do sol . menina de cabelos dourados apanha flores que ficam no caminho e, à flor da infância, orna seu castelo de imaginação . ali dá morada à sereia que imita dona iemanjá . com as flores decora a bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, a mesma que ensina segredos de encantar sereias . por do sol ofusca-me a vista dessa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até meus olhos . ven.da.vais .
08.08.2016


(versão 3)
dia de senhora do mar . espelho, rosas, água de cheiro . sonho derramado em pranto . pedido inscrito em oração . cantos entoados dentro e em cada ciranda improvisada . pés sem pedir licença profanam mar . ritos se completam: tempo, reino e sol . menina de cabelos cacheados apanha flores que ficam pelo caminho e, à flor da infância, decora seu castelo: imaginação . dentro dele dá morada à sereia que imita dona iemanjá . com as mesmas flores enfeita bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, aquela com quem aprende segredos de encantar sereias . pôr do sol em meus olhos cintila essa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até eles . areias . ven.da.vais .
04.01.2017




[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


---------------


domingo, 27 de novembro de 2011

espelho reverso

(1)



iluminuras . barco que navega nuvens . portas esculpidas em sombra . riachos sem curso certo . rotinas descompassadas rumo ao infinito . estrelas que conduzem sonhos . manhã sem.som.sol.sal . respingos de lágrimas velhas borram meus escritos . já não vivo esse tempo . percorro uma ponte estrangeira em minhas quimeras . alcanço alegria com vento no rosto, à janela . imagens tecidas entre cores e lembranças de nós .
25.11.2011




alma . escopo de saudade . retira-se de mim sem permissão . espreita-me de longe, restritiva . vento lírico que nos leva . sonata de amor que guardo no peito . fantasia invade cada vez mais minha cidade-razão . não perco tempo com lamentos . há um universo feito de palavras . alma e eu: prontas a navegar . temos um espelho que nos aproxima e nos dá espaço paralelo, sempre ao contrário .
24.11.2011




rosário de estrelas . vejo madrugada sem neblina, a me enfeitiçar . esqueço as horas . recorro ao mar de sempre amar . saudade escorre pela barra do vestido . Minas me atrai faceira-generosa . trago sonhos na bolsa pra tomar de hora em hora . neste papel virtual ainda cabem borrões . desperto de um lamento .

23.11.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


----------------
(1) FONTE DA IMAGEM: http://www.fotosimagens.net/espelho.html

de ruas e tempos

 (1)



sem tempo . quero poder desmantelar o tempo que nos deixa acuados e nervosos para cumprir seus caprichos . o cheiro da invernada sertaneja que me traz você . das águas que jorram quentes do seio.seco.sertão, só teu suspiro em deleite e o impossível que nasce de nossos abraços evasivos .
19 e 20.11.2011


intermitente . imaginação turvada . a praia da atenção está deserta . trabalho que quer ser invadido por outra música . a um passo daquele trem, tenho Minas a passear em mim . urjo sem sintonia . da calma quero o sentido menos conhecido . respiro o universo .
14.11.2011


um lírio sobre a rua . quase um redemoinho de ideias . quase um abismo lírico . pedras sorrateiras..., ontem amigas . sombras que volteiam o resto de meus sorrisos . o inverso... de que preciso .
17.11.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


-------------------------
(1) FONTE DA IMAGEM: http://sobsuspeitas.blogspot.com/2008_10_01_archive.html

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

noite

 (1)




neblina fina que me envolve 
atmosfera em que viajo até você 
frio aconchegante 


ainda há rasuras em nossa linguagem 
não cabemos nesse tempo que nos quer sozinhos 
enfileiramos silêncios pra nos aproximar 


minha sensibilidade namora tua razão 
tenho uma janela para ver a lua que te vê 
abro as portas para um sonho possível 

pela noite, rumo à madrugada 
alumio o escuro com o brilho de certas palavras 
teço um livro pra compartilhar nossas invenções 


não tenho pés para o abismo 
tenho alma estradeira 
há riscos, desafios? sim, adrenalina necessária 


hoje me vi pintada de anjo 
passarinho se fez presente só pra te ver 
perdi-me em pensamentos entre a leveza e a reflexão 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quase solidão

 (1)



estio
          mar afugentado de ti
rito apenas imaginado



          penso em rede e arandelas
um sonho estreado
                    entre montanha e mar


    
     dia que se faz noite
de repente
                  enquanto saio de minha ilha



          trago jornal no peito
nossas notícias intemporais
     que vagueiam pelos espaços entre nós


 
17.12.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


-----------------

edição de encantamentos



(1)



olhos . não quero tristeza naqueles olhos . mesmo que trancados, imaginam meu corpo pelo avesso . quero ser água cristalina para banhá-los de alegria . minha alma ultrapassa aqueles olhos qual chuva sem vento . há um palco nosso feito de neblina ali dentro . contornos, imagens tremulantes, aromas de amor . eis um de nossos espaços inventados mais nem tanto . nós, a noite e a lua em nós . rabiscamos um verso com estrelas meninas . orvalhos choram a cada passo de nossa dança . espelhos se quebram com ciúmes ressequidos . somos nós e muitos não acreditam . quero palavras derramadas sobre nosso caminho e um anjo a compor livros amorosos . rasgo a lira triste que anoitece teu olhar . desse flash.encontro aqui deixo sinal.ritual . 03.11.2011



edição de mistérios . antes da lua nos encontramos. era bruma de amanhecer . nossos passos e a imensidão . à beira de tuas páginas qual sombra de sonho . um aceno de olhar cálido . sem tristeza ou alegria nos damos ao acaso dos sentidos . império sem domínio que habita em nós . do absurdo ao sorriso percorremos juntos à luz da necessidade . nossos mistérios são abertamente forjados e pagos com a crença pública .
01.11.2011



tempo . ouço palmas que voam de teu encantamento até meu mais profundo imaginário . tem estrelas em nosso instante lírico . navegas por teu parto.palavras . entontecem meus sentidos os ares que emanam de tua alegria . deito sobre o enlevo que hoje respiras e escapa por tua alma arredia . tem um tempo marcado pra nós: data e lugar . moramos nesse entrecho temporal . alcanço a hora: não tarda tua palavra incandescente a soprar-me poéticas ao pé do ouvido .
27.10.2011



[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]

--------------------------------

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

rar' efeito


 
 
 (1)



ar


anjos rodeiam minha noite sufocada 
angústias se escondem em minha sombra 
não há palco suficiente para encenar tantas dores 


escorrego sobre notas de vilania 
encontro espelhos que retorcem qualquer realidade 
minhas mãos congelam sem sentimentos 


amanhã não chega pra esse hoje 
no encalço do vazio vislumbro tempestades 
um sonho de cobras que se autoreproduzem me desperta em suspenso 

23.10.2011





ramificar 


pelo caos vejo-me de longe 
devagar quando tudo corre 
penso no lamento e caminho, simplesmente 


(des)acelerar e pela contramão, porque essa redundância não me é demais 
fim de tarde me oferece luz em flor
com esse brilho atinando meus sentidos visto flores para o pensamento 


quero me espalhar, sobretudo por tuas idiossincrasias 
posso acompanhar o fluxo de tua memória exteriorizada 
faltam apenas mais uns dias para mergulhar em teus mistérios editados 

13.10.2011




braseiro 


lua chorosa de abril 
meninas olham pelas janelas a madrugada 
lençóis feito neve abandonados 


estalos de viv'alma espantada 
martírios postos ao leito de um rio quase seco 
ecos de nós soltos no estradeiro 


trago a chave velha da memória 
e uma garça solitária me enternece de passagem 
ao lado da estrada chafurdam a lama outros de nós 


percorro a via de revés 
elaboro meu pensamento mais contagiante 
existo no vácuo desse nosso encontro 

11.10.2011




[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]
----------------------

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

[ de ventos imaginários ]

(1)




réstias


palavras antigas arrastam tempo . signos me perseguem: movimentos de vácuo . estrelas me aproximam de teu brilho fosco . manhã aborta teus desesperos mais sutis . no descalabro da cidade perdes teu sonho de menino .

30.09.2011




vento


vestida de imaginário
arquiteto nossa praça
lá, valsas como quem amas


brisa me leva ao passado
nas escadas de um coreto
vestido branco e foto perdida


hoje teço lembranças com fios recentes
meus sapatos colorem a estrada
nela vamos juntos uma vez mais


madrugada nos espreita em frio
dentro da noite: encontros
não há mistérios... só vaticínios e, nossos passos

23.09.2011




mecenas


gestor -  meus carinhos
amante - meus pensamentos
domador - meu corpo


contemplador - meus sonhos
estranho observador
morador em mim


estrela cadente me leva
apaixonado - meus sorrisos
viajante - minhas.nossas memórias


condutor - meu trem imaginário

gosto de rever meus arquivos . também são teus e alheios . a cada "documento", aromas e músicas nos envolvem - presentes .

21.09.2011




atenta


grilo canta noite e meu amor
vagalume nos acende: íntimos segredos
umbuzeiro nos esconde de assombração


velas aquecem luar minguante que passa por nós
estalos mato a dentro
rastros de cobra - entardecer


frescor incita viagens
nosso trem ainda não partiu
e já estamos lá

20.09.2011




paisagem

flores na paisagem
limo verde.mar
suspiros, passado


ecos pele.a.pele
rotas q’ ultrapassam: mar
sentidos avançam
nossa insensatez


respingos: sentimento alheio
poças de lágrima - nós
em brilho.velho


de sangue escravo ancestral
reentrâncias de pedras nunca se lavam
ladeiras, intolerância


dor tão alheia e quão nossa
águas descem.sobem
memórias vão.e.vêm


mar, sentidos ultrapassam
sol abrasa
alma, ilusões esfaceladas

17.09.2011




aroma


muitos tempos passam aqui
agora não é tarde
nunca ainda não passou


instantes me esperam, já
há calma na cidade
vagam velhos fantasmas e ruas


é madrugada
feras caminham sorrateiras bem perto
cheiro de podre ou de mar


quente se torna em tudo
bafo se torna em nada
ar.ti.fi.ci.ais

14/09/2011




arquitetura


sonhos de ontem, sofrimento
os de hoje, vida


teço desejos em teu olhar:
percebes?


sob água quente
sertão novo
espreita


braço do rio
flerte engastado
nossos silêncios


mandacaru trepado em barriguda
lição de vida e malabarismo
estamos dentro da viagem


somos flor d' invernada
beijo de ponta.cabeça nos espera no ar
risco o abismo em furtacor


sou
seu riso despontado
no instante


à sombra do agora
espero chuva apear do galope com o vento
pra nos molhar

07.09.2011




vaga e lume


contentamento sem maquiagem
enigma que não se esconde
no corpo, morada do encontro


sei que posso viver de sonho
ainda há vírgula, distância necessária
conhecemos juntos outra forma de presença, além abraço

05.09.2011




aura


corpo se expande além de si (rumo ao outro/a), feito alma independente de morada . porta aberta ao toque . sinestesias compartilhadas pele.a.pele . convenções reinventadas no ainda irreconhecível universo dos gestos . olho finge ver apenas imagem dada . poética do olhar: insistência em compartilhar segredos, desvendar outros . por outra lógica - interlocução .

01.09.2011

 
 
(remodelados em 15/03/2017)


 
[Andréa do N. Mascarenhas Silva]
 
----------------
(1) Imagem - http://www.flickr.com/photos/pfragoso/3039003859/

minha democracia

 

(1)




indefinida


nonsense . adrenalina inalienável . junções sem espartilho . aninhada nas dobras do tempo . tenho um ritmo que sobra dentro de outros, tempos que se desajustam no correr da vida que se pinta retilínea . aciono a câmera lenta diante das velocidades insanas . sigo ao contrário . sou da conta-mão . aprecio tudo que é diferente e tento entender suas razões . amanheço à noite, escureço pelo dia, estaciono quando a ordem é correr . insurgente: palavra que me cabe...

29.08.2011




navegar


onda da noite
perfil de madrugada
dorso sonhado

nau que avança de nossas memórias
frio sem alento que percorre o corpo
alma perdida...

Não! Posso ir conta a corrente, deixar o abismo prestes a me tragar, voltar para ir em outra direção. Aquela enseada ainda é só nossa, não é quimera e se faz possível sob o rumo de nossos passos, como um norte. Nisso acredito por inteiro. Vivo as custas do sonho que elaboro diariamente.

23.08.2011




MEU! Nosso... nostra.


Revejo alguns sentidos de posse. Não podemos ter as pessoas, apenas apreendê-las e ainda assim no rastro fátuo de um senso fugaz. Tenho apenas o toque equidistante de sensações que queremos em nós. Hoje percebi a cor da adrenalina que ainda me descompassa. Chegastes até mim pela veia.palavra. Nosso futuro possível passeou comigo ainda agora. Mar distante e que nos aproxima nem que seja no tempo de nossos desejos independentes, que trabalham à revelia de nossa razão falida.

22.08.2011



cor


de azul... é como se veste o ser que habita em mim . vejo-o não como Narciso, no espelho do rio . não tem luas, apenas a mesma face . entristece, anoitece sob capas de sorriso . passeia por arquivos vivos e dança na memória . com sapatos de outrora vence a distância das horas . faz morada no retrato e voa com o assobio . não o conheço bem ainda e me surpreende com ares de maravilha .

16.08.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


------------
(1) Imagem - http://www.farfetch.com.br/shopping/women/item10080852.aspx

domingo, 14 de agosto de 2011

apenas

(1)



Deixo que me guies somente em meu lado de dentro
aparência me protege feito casca 
vagueio em silêncio
resido no afâ de tua memória 

30.07.2011




resisto . aplauso de infinito ouço ao longe . retrocedo em vias de dentro . facho de segundo nào me alcança. dor e melodia com bruma de mar . amanhà me encontra desperta . esqueço mágoa repisada com tortura seca . antes a caatinga e seus espinhos . vela e lampiâo já iluminam nossas noites futuras . vaticínio sem sonho .

07.08.2011




perco o azul da atmosfera onde resisto . sou grito enlaçado de lamento . pereço na curva que te antecede . há um nó cego que ainda não consigo desatar . divago com a humanidade nua . sofro os influxos da existência social . feito bomba errante estouro indevidamente . não há sedas no caminho e o bordado há muito foi esquecido no sofá . quero escuridão e claridade ao mesmo tempo . tenho olhos pra me proteger . não sou só em tua lembrança .

13.08.2011





[Andréa do N. Mascarenhas Silva]
-----------

(1) FONTE da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDaPitqJVi_noP6GToz3HU5xuVCgvjCIXfB68XHNNY_BIIweJ-gHNn10iE2cTrvs2swdDTnvZrR2D1LqZd9iXIrBb3OQO5s0jy6uAexz8yD-PE5I7psOfyywfBy3_PlUneLfSAx40V4osX/s1600/pauta+de+p%C3%A1ssaros.jpg

sábado, 30 de julho de 2011

ITINERÂNCIA

(1)



Vem, poeta andante
cobrir-me de olhares 
inventar-me em mistérios 


abre-me a porta de tuas tardes
recebe-me em teu palácio mais lírico
dá-me a conhecer tuas palavras


NO CAMINHO: passas por entre luzes d'espanto
esconde-te em instantes profanos
entra em meus pensamentos como dono


já rasguei enganos
troquei sentimentos insanos
e não mais me arrependo dos devaneios


nossa utopia é possível
vale-me como vida
estreito cada vez mais nossos laços 


25/07/2011

[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


-----------------------------

sábado, 16 de julho de 2011

MEU LEVITAR

(1)




                            
                                       
                                         Estou nas nuvens: rodeada de livros
                                             estantes como refúgio 
               deito sobre um céu de palavras 



                                                          quero este escritório 
materializo aqui um de meus desejos confessos 
          faço planos pra sonhar 



                              nuvem profissão
                                não para esquecer problemas
aqui contabilizo pendências zeradas



um livro vem à mão
                     nele escuto o que já li e em ti vivi
       da capa saltam nossas imagens compartilhadas



                             volto desse voo
                                       e uma palavra me acompanha
               a que casa com minhas quimeras aladas: imensidão




13.07.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]

---------------------------
(1) FONTE da imagem: http://imaginadongo.blogspot.com/2011/03/destinatario-remetente.html

quinta-feira, 30 de junho de 2011

NUVENS DE SONHO REAL

(1)



Navego nossos pensamentos como ninguém mais pode sequer imaginar.

De nossas memórias tiro algo inusitado e que não foi totalmente aproveitado quando do tempo vivido. Como um filme que podemos voltar ou adiantar o tempo, pra perceber e sentir melhor o que compartilhamos sobre pedras hoje desalentadas pela ausência. Faço do passado presente e futuro, como deve mesmo ser encarado o tempo que nos dão a viver.



Nós e um sonho que já é real. Posso acreditar no que vivemos fora do ar que todos respiram. Nosso real é invisível apenas aos olhos daqueles que não aprenderam a ver certas materialidades. O que rege esse sonho são sensações, sentimentos e uma adrenalina tão intensa que chega a surpreender. Aventura nova-diferente a cada elemento novo que nasce desse sonho. E o melhor: quanto mais sonho, mais sinto seu real, mais transpiro tua presença e mais te contagio a sonhar comigo. Isso não é só nuvem.



ROTEIRO:

Você-eu-sonho.real-sensações-memórias-aventura-tempos-nuvem.

30/06/2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]




-------------------------
(1) FOTO: Acervo particular da autora.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nada?


(1)




Nada. Mas há dentro desse espaço ao menos um eco de mim que se expande e chega até você.


Repare: aliás os espaços enganam, ainda mais se forem os recônditos, os ermos, os de segredo.



passo a vida pelo teu avesso

e sei que nunca é quase nada

rodopio em meus ais



um concerto onde bailo com vendavais

e no salão

nada além de você ou o nada, além de você



respingos de nossas memórias inventadas

dão exemplo desse espaço cheio de vazio

nada e ninguém nos roubam isso



é tino preencher os espaços

a humanidade é dada a isso

pontes e pontes sobre abismos



registro mesmo assim meu desatino

não sem certezas do feito

e sim, sem o tom de absoluto que está fora de mim



Não quero essa lírica exata, pintada de razão em várias cores. Solto as rédeas das palavras. São potros livres e aqui podem tudo. Selvagens em talhe sóbrio: não, não combinam. Remendo estes versos com prosa frouxa, para além da exatidão, em fuga dos dicionários. Encontrei palavras trêmulas, escondidas no nada. Lá haviam um.sem.número de imagens, precipitando-se já em quase fantasmas. Não resisti e lancei mais uma ponte possível e de lá puderam sair radiantes. O nada é quase tenebroso, não fossem os apelos de ninguém e de nenhum.


09/06/2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



-------------------------
(1) FONTE da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Wfwyf-xxi4Z614eAXGKA7u0ygyFVL5eK6twcECGVpX_Z60Ui2-YKTdbls2LLeOoROOSpdskpOtxQWMtQEZlWj6nUOKIIBanFpGdyfea7crE5ajxdGkEaKix1l3lTgqVTXc6awANiURs/s1600/darkness-forest-night-image-31000.jpg