quarta-feira, 30 de março de 2016

{ Publicações na Revista SubVersa 2015 }



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                                                                                                        (2)




 

















 (3)














                                                  

                                                      
                                                      (4)



                                                                                                                                             

                                                                                                                                              (5)
























[ Filosofia em Amarelo ]**


borboleta amarela se acerca de mim em teus matos.flores . incerto vai meu corpo pelo mundo, em voo raso, quase ao chão . algodão desgarrado me abriga em pouca trama . perco a casca do que não sei, antes de presumir um fim . almejo filosofia de passarinhos, pouco assustados com mal tempo ou espinho . ainda não decifro lágrima espontânea porque me ensinaram a contê-la . pratico exercícios de oscilação, pra não perder sempre o equilíbrio rarefeito . lírica me abandona enquanto é tempo de insurgências por escrito . cresce uma cegueira exteriorizada, vendida por qualquer tostão . erva daninha nos alcança, sorrateira, sem disfarce . voltamos à borboleta amarela ou ao tempo oco da mera contemplação .

FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=2851)

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[prezada desarmonia]**

I

venho por meio deste
por meio
d’isto
pensar
um monet de rua
enfim um monet desavisado
desqualificado
com pincéis
de flores
com sprays
de animação
logo
tópicas
mal’amadas
de pouco
a mais
barrado
no sarau
do desespero

II

um monet
de quinta
essência
(des)guarida
apaixonado
por efêmeros
e
fuga.cidades

III

para os devidos fins
de esquerda
pelas cores.suportes
e pintura
de teto.céu
deixo estatuído
em epígrafes de chão pisado
que a beleza
pode ser
gratuita
fluida
fru.ida
e flutuante
em meio a sexta e sétima avenidas
inclusive
a que pede esmolas
em chapéu
puído
à beira da instabilidade
de um meio
fio



FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=2458)


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[ água furtada ]**

< Na rua das albufeiras
não há porto feliz >

teu desejo em linhas rasas
formam ondas em meu ser

pelas calles do coração
fremosas compulsões

tem rostos assombrados
epifanias de nós

em asas de passarinho
vão teus sorrisos e mais

das abas de meus sentidos
nascem nossos retratos e sós

mares, desesperança
outros dias, novos sais

navego lembranças d’agora
contigo digo adeus aos ais

tuas noites, madrugadas
nunca amanhecem como nós

não há mais portos decadentes
já nascem ruas em teus céu e sol

brilham ruínas nesse instante
reconstruídas todas por eco e voz

< Na rua das albufeiras
não há porto
só gente feliz >

FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1762)


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[ casca ]**

vinho de hoje
não lava feridas velhas

nem fogos
ou água salgada

muito menos o sol que vence a madrugada

não recubro chagas
que ainda não sararam

daí
em vão compras esfoliantes
e areias brilhantes

novas cascas nascem
por baixo pululam velhas dores

miras espelhos alheios
e não te vês

por cá
viajo a outros centros
com cada eu que me constitui

passeio
em mares de dentro
que me navegam

piso seixos
nem sempre arredondados
tiram e me dão átimos de imensidão

impressão de pessimismo
ronda esse rastro d’escrita


maré de amanhã
molha já minh'alma
dessas páginas de ontem

azeito riscos
e teus ditos insanos
me trazem lumes rabiscados

torpes palavras que não me deixam
buscar pontos
ou finais 

FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1650)


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[ inocência ]**


talvez o único valor a salvar desse mundo, talvez o último, o derradeiro poder . sempre vale a pena preservá-lo . sob o massacre dos astutos definham afagos que se vestem de nossas almas . sou longe como o tempo que me separa de mim mesma, menina . como a água de mar dengoso, aos nossos pés salgada . espio tua poesia: exala olor de lirismos amadurecidos . com teus olhos me casei e fui feliz . tenho direito a um passado que não vivemos, pois que (pre)sinto . teus músculos de ouro frágil, zangam toda. qualquer maresia . medo ou vilania de tua torpe donzela alimentam meu corcel de irreverência em disfarce de utopia . lavas pincel em teu sangue purificado a tão alto preço . esquece a facilidade adocicada de teus dias futuros . entregas a chave do tesouro a quem já deitou na cama e traiu a fama . mergulhas de volta em teu temp(L)o máximo . de minha madrugada vislumbro a tua: insones aprendizes de parcas dimensões a(poetizadas).

FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1514)


Andréa Mascarenhas


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**ILUSTRAÇÕES by:

1) Marília Moser – SubVersa setembro 1, 2015 - Vol. 3 | n.º 3
2) Guilherme Wendt – SubVersa julho 1, 2015 - Vol. 2 | n.º 12
3) Juliê Caroline – SubVersa fevereiro 28, 2015 - Vol. 2 | n.º 4
4) Pedro Fonseca – SubVersa fevereiro 15, 2015 - Vol. 2 | n.º 3
5) Deb Dorneles – SubVersa fevereiro 1, 2015 - Vol. 2 | n.º 2

segunda-feira, 28 de março de 2016

[ porém azul ]
















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pedras dormem sob águas em movimento . perpétuo chamado de vida . azul quase estelar mergulha em calma . paz submerge . luz brilha por nós entre mundos e solidão . escritos se perdem em todo brilho . enlouquece, esquecimento . trilhas amortecidas morrem em meus segundos divididos . herdeira do que serei, habito um voo . capa.espada sem argumentos . descabido, invento teus enredos em descompasso . música te enaltece e desestabiliza . apenas ser passo em ignota terra . enquanto memória saboto o que não sei . tempo suposto me observa em pressa . do meu tempo.quimera, desobedeço . remota madrugada nos recebe . prévia em dia claro . sustenido por pouco entristecido . sem sentidos, tolos percebidos . pés deslumbrados acolhem esforço infindo . tanto em tão poucos momentos . ilusão atormentada como o fundo de uma noite sentida . senda sem marketing . despede-se da hora que já vai tarde . chá disfarça nossa pálida aceitação do que se impõe . medo perdido invade a melodia . já foi meu . deixo que se molhe a face em água e ais . ausência de lágrimas e amnésia . envolta em brisa, noite se nos encanta e não há canto ou flautas . passos seguem em descaminhos inéditos, sem nós . esqueci luas e firmamentos . outros lumes, eras, se banham agora nessa hora . era uma vez deixou de ser tempo . eterno presente nascísico . instante fogo-fátuo . mirada ilusionista . sal, pra sempre molhado nesse azul em disfarce . 



31.12.2015 e 02.01.2016



Andréa Mascarenhas



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(1) Imagem-gif: http://45.media.tumblr.com/71372151fb6012f584ff3cf6118a6c7b/tumblr_ns1w7nnTXn1qe6mn3o1_500.gif