quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nada?


(1)




Nada. Mas há dentro desse espaço ao menos um eco de mim que se expande e chega até você.


Repare: aliás os espaços enganam, ainda mais se forem os recônditos, os ermos, os de segredo.



passo a vida pelo teu avesso

e sei que nunca é quase nada

rodopio em meus ais



um concerto onde bailo com vendavais

e no salão

nada além de você ou o nada, além de você



respingos de nossas memórias inventadas

dão exemplo desse espaço cheio de vazio

nada e ninguém nos roubam isso



é tino preencher os espaços

a humanidade é dada a isso

pontes e pontes sobre abismos



registro mesmo assim meu desatino

não sem certezas do feito

e sim, sem o tom de absoluto que está fora de mim



Não quero essa lírica exata, pintada de razão em várias cores. Solto as rédeas das palavras. São potros livres e aqui podem tudo. Selvagens em talhe sóbrio: não, não combinam. Remendo estes versos com prosa frouxa, para além da exatidão, em fuga dos dicionários. Encontrei palavras trêmulas, escondidas no nada. Lá haviam um.sem.número de imagens, precipitando-se já em quase fantasmas. Não resisti e lancei mais uma ponte possível e de lá puderam sair radiantes. O nada é quase tenebroso, não fossem os apelos de ninguém e de nenhum.


09/06/2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



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(1) FONTE da imagem: http://2.bp.blogspot.com/-1rw3bLqsF1w/TW1NuYpR9XI/AAAAAAAAARM/cVf5I3NPsSk/s1600/darkness-forest-night-image-31000.jpg

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