quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[ocup.a.ções líricas]




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perco-me das iluminações opacas sob o olhar que me permito . tenho retinas alarmadas, pré-avisadas ante os abismos . sinto o cheiro podre de promessas fantásticas, de guinadas travestidas de sucesso . acolho ventos errantes em meu peito porque já senti falta de ares . pareço astronauta nesse mundo vão . minhas escolhas se mostram velhas, apesar de vestir calças de irreverência . escolho durabilidades frágeis, que são vistas como fantasmas alienados .  não quero explicar a aura que me atrai nas coisas para não perder tempo que quero dedicar a elas . crianças são meus mestres soberanos: crescem umas, outras tomam o comando . não tenho todo tempo e desdobro meus instantes sobre cronos . ocupo nano.espaços na captação de ares líricos . pés encontram praia que banha meu imaginário . sou apenas esse frescor a invadir alma a dentro . preciso escrever a carta que vai ao futuro e que me (des)escreve, enviesada, hoje .



29.08.2013




Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://artecontemporaneanaocupacaoprestesmaia.wordpress.com/

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

[deixa]




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apagar a noite com velas acesas, não importa . em vagas noites quero teu sono . cumpro a trajetória dos dias acelerados em consciente marcha lenta . atrevo-me a ser só em franco desafio de ser contigo . inauguro melodias pra cantar uma saudade valente, em que me sei em ti . ventos que me inventam somente pra ser brisa e já morar em nossa imensidão . não deixo de me importar com primaveras murchas, mas não posso seguir o desengano . sou de frio que não se avizinha por medo de nossas eternas aparências . encantos me tomam inteira, nua de qualquer verniz . agora ouço tuas tardes apressadas a ralhar por mim . a porta mente, entre ser e estar, pronta para passagens . nosso tempo possível é mais que entre . deixa eu brincar de ser contigo toda manhã . a partir de agora sempre em começo . embarco na neblina que nos divisa pra não sermos sós . arrasto a vista por tuas paisagens líricas e lá monto morada eterna .



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva


15.08.2013

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://2.bp.blogspot.com/-536GYkej13Q/TcG_FU0qXDI/AAAAAAAABoQ/XtSThYp-W7g/s400/porta+entreaberta+PAULA.jpg

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

[pó celeste]




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poesia de momento, jogada sobre papel vazio . vácuo que anuncia meus estios em horas desaceleradas . sob palavras esvoaçam apelos cegos . prendo soluços roucos pelo tempo, aqui . ontem nunca deixa de ser hoje, sei disso sempre amanhã . rua marca pele que não se esquece, porque tenho olhos inconclusos e passos para além de nós . estrelas acompanham réstias que se desprendem de mim . nesse tom me permito ser toda madrugada . alinhavo cá dentro reflexos de teus pensamentos esquecidos ao relento-passado . gritos desimportantes deixam de nos abalar desde que nos importamos mais com nossos azuis e nada se fez menos . céu escurece em nossas noites claras, assombradas apenas por rastros de nossos encontros cadentes . tenho marcas abissais mas não me perco nelas . sei a exata profundidade desse mar que me ensina a ser oceânica como ondas que vão e vem e são mais que si mesmas, sem perder a leveza oportuna dos ventos . gosto de querer sonhos impossíveis, sobretudo quando me dizem que não adianta sonhá-los . sou radicalmente do contra, nessas horas .



26.07.2013



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva



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(1) Fonte da Imagem: Noite Estrelada - Star night, de Vincent Van Gogh - http://goodburger.files.wordpress.com/2012/03/starry_night_over_the_rhone.jpg