sábado, 31 de dezembro de 2011

arcos


 (1)






lanço o olhar (ou a memória?) e sinto atmosfera que ainda não conheço


um sonho disfarçado em ritmo de futuro me tira do sério


entrevejo... abóbodas e um céu cinzento cada vez mais de perto


escuro me cabe mesmo em claras noites

araltos de invernos tristes escapam de algum canto

não há lirismo à venda, escorrem pelas estantes, infestam o chão e estancam ante meus pés

azul vem até mim em sobressaltos

na madrugada que se adianta sento e encontro outros tempos: paisagens me esperam tingidas de vinho


não reviro tormentas: acordo plena e com os pés no mar


vago por meus espaços imprecisos e sou aposta de um sim




31.12.2011




[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]



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(1) http://www.mochileiros.com/bolivia-chile-peru-e-equador-em-60-dias-t19696.html





quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

um canto lírico derramado


(1)


querer


quero lirismo derramado nas ruas . mapas de insensatez e que não guiem Nada ou Ninguém . marcas da rotina não em meus olhos . QUEro . largo desespero com correntes caudalosas pra suportá-lo e sabê-lo indo . cabelos ecológicos que espelhem almas . mar de poesia pra me banhar em dias de madrugadas nossas . palco para monólogos desalentados com ruidos sujos . procissão de nossa eternidade quase em vão . sonhar a mão da criança que guarda e suporta o mundo, qual cântico drummoniano . lirismos...



30.11.2011


[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



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(1) Imagem - http://blogueluzesombra.blogspot.com/2011_03_01_archive.html







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(2)


aqueles olhos


especificos, irremediavelmente fugazes... longe de mim e ao mesmo tempo tão próximos, a me fitarem por dentro, na via da alma, rumo ao coração . estanques, mais que líquidos, formam paisagens absolutas de mistérios . as vezes sinto ressaca machadiana naqueles olhos . fogem de tristezas acumuladas . navegam um mar de ilusões em que sou convidada especial e não me dou ao charme da recusa . olhos que trazem pra mim enredos inventados em tons de furtacor . marEsia: marEpoesia .

29.11.2011



[Andréa do N. Mascarenhas Silva]



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(2) Imagem - http://marybackes.blogspot.com/2011/12/alem-do-homem-o-homem-que-somos-alem.html



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[passado.presente]




(1)




o passado sopra aqui . meu coração partiu contigo . a lua comigo somente. a orquestra leva meu destino . anjos emprestam-me nuvens . não sei voar sem ti . o tempo não é outro que não o azul de tua camisa . embevecida de tuas imagens propagadas em palavras . valso as páginas que me destes a ler, quase a levitar . tenho você do modo mais sutil, impertinente e como ninguém consegue .



TRADUÇÃO: 

il passato.presenti


i colpi passato qui . il mio cuore è andato con te . la luna con me solo . l'orchestra prende il mio destino . angeli mi prestano nuvole . non può volare senza di te . il tempo non è altro che il blu della camicia . rapito propagato le immagini delle tue parole . valzer delle pagine che ho letto, quasi levitare . si ha la più sottile, impertinente e perché nessuno può .



01.12.2011



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva



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(1) Libélulas, s/d - Kashimira Jahveri (Índia) - Gravura em metal
FONTE: http://peregrinacultural.wordpress.com/2009/04/28/para-comemorar-os-150-anos-do-nascimento-de-alberto-de-oliveira/


sábado, 17 de dezembro de 2011

Senhora do mar




(1)

MINICONTO 



(versão 1)
Era dia da Senhora do Mar. Espelho, flor, água de cheiro, pedidos escritos-entoados-imaginados. Pés sem pedir licença profanam o mar. Ritos que se completam no tempo do reino do sol. Uma menina de cabelos dourados apanha as flores que ficaram no caminho e, à flor da infância, orna seu castelo de imaginção. Dentro dele deu morada à sereia que imitava dona Iemanjá. Com as flores decorou também a bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, a mesma que ensinara os segredos de encantar sereias. Por do sol ofusca-me a vista dessa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até meus olhos...



08.12.2011



(versão 2)
dia de senhora do mar . espelho, flor, água de cheiro . sonho derramado em pranto . pedido inscrito em oração . cantos entoados dentro e em cada ciranda improvisada . pés sem pedir licença profanam mar . ritos que se completam no tempo do reino do sol . menina de cabelos dourados apanha flores que ficam no caminho e, à flor da infância, orna seu castelo de imaginação . ali dá morada à sereia que imita dona iemanjá . com as flores decora a bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, a mesma que ensina segredos de encantar sereias . por do sol ofusca-me a vista dessa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até meus olhos . ven.da.vais .
08.08.2016


(versão 3)
dia de senhora do mar . espelho, rosas, água de cheiro . sonho derramado em pranto . pedido inscrito em oração . cantos entoados dentro e em cada ciranda improvisada . pés sem pedir licença profanam mar . ritos se completam: tempo, reino e sol . menina de cabelos cacheados apanha flores que ficam pelo caminho e, à flor da infância, decora seu castelo: imaginação . dentro dele dá morada à sereia que imita dona iemanjá . com as mesmas flores enfeita bruxa de pano e os cabelos alvos da avó, aquela com quem aprende segredos de encantar sereias . pôr do sol em meus olhos cintila essa história e gotas salgadas não sei se saem ou se chegam até eles . areias . ven.da.vais .
04.01.2017




[Andréa do N. Mascarenhas Silva]


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