domingo, 27 de maio de 2012

casinha



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arretalhar as brisas. por pra secar lágrimas no varal. esquecer-me na tarde. estrada que dá em lugar nenhum. ei, procure aí teu coração. fonte do amanhecer nunca nos faz distantes. cheiro de dia e mato trota por nossas retinas. engasto um descalabro pra se perder na imensidão. jogo memória inútil pra morrer antes que me lembre. nem bucólica nem triste, faço morada no insólito. acordo, eu e o tempo, apesar do sono. no entre.tempo escolho morada .

27.03.2012


[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]



(1) Imagem - http://moriana.blogspot.com.br/2007_06_01_archive.html

sábado, 26 de maio de 2012

quase manhã


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segredos que guardei resultaram inúteis . borboleta reverbera teus poemas até mim . enquanto isso esqueço o pranto já seco . miragem tua desfaço em verdade . porque sei e sei que ter você requer efetivo exercício de alteridade . passarinho tece manhã com tua sonata mais verde e cá estou orvalhada por nossa estação mais lírica .

19.05.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) Imagem: http://carva1.files.wordpress.com/2012/01/solitaria11.jpg

quinta-feira, 24 de maio de 2012

QUÍMICA



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noite profunda que te veste com todos os tons do impossível . CÁRCERE sem cor que jamais te prende por completo . fios transparentes promovem outras conexões livres . há janelas pintadas em cor de água em teus olhos . tua alma anda vestida sempre de flores . não há grilhões no pensamento . viestes ao mundo com asas e estas só estão feridas e podadas: sempre há vagas no hospital da imaginação . com química aprendestes a despir razão . com luta e bandeira fostes mais que militante . já plantastes a árvore com que chegarás ao céu que idealizastes . agora, em inexato instante, escreves uma página em livro possível que somente você pode intitular: escuta as palmas do reconhecimento .
 

18.05.2012 - para CHVS


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://3.bp.blogspot.com/_Jwum3I9ytgQ/SQTg1TKP8nI/AAAAAAAAA7Y/oddqLchINwo/s400/218865%5B1%5D.jpg

segunda-feira, 21 de maio de 2012

frio


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recorro ao frio que me despe da pele que quase ninguém vê . sentimento difuso amarga a boca e também desfaz imagem branca de você . esqueço que sei ter menos do que sonho . não importa, trato a lida com perseverança . nossa areia está sempre renovada com novos sal, passos e águas . estalo os dedos pra lembrar daquele amanhecer . viagem desencontrada se prepara pra outras tentativas e itinerários em uma de nossas rotas possíveis . estamos no desafio que um dia tracei sozinha e à tua revelia . por aqui te entrego o mapa das terras improváveis, quem sabe pra despertar a coragem que já não cultivas como antes . fechas a porta ao bardo audacioso em nome do código de mil nomes, da regra imposta por alguém e de tantas etiquetas que já talham teu espírito em veste quase eterna, se quiseres . falo do instante que te convoca, mas que não te permites viver e construir ao mesmo tempo . não precisas da palavra jogada ao vento e sim da que podes oferecer a este ser lírico em que me converto agora . lembro mais uma vez que os desafios não se ajustam exatamente ao que se pede: vão além, sempre . tocas a imensidão sem querer, imagine quando quiseres com cada força que te anima . esqueces o ouvido e a voz alheia pra poder fazer ecoar um cântico novo, insurgente na medida exata do que ainda não foi pensado, pronto pra abalar e fazer emudecer os que se deixam conduzir por protocolos pintados de cinza . as vezes dizemos sim, em igualdade de grandeza, ao totem que nos quer menores e de preferência perplexos .



21.05.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://closure-of-the-soul.blogspot.com.br/

quinta-feira, 10 de maio de 2012

[atalho]‏



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a caneta em tua mão entalha gesto que te despe em processo . por inteiro um poema solta teus grilhões . encontro caminhos em teus olhos de papel sem resistência . apoio a vista em tua visada quase verde.mel . mão teimosa e que me cede um bailado sem rima e que me basta . pequeno rumo que se abre em levezas nossas . instância inebriada de nossos sonhos perdidos: não cabem mais em nós . rabisco um convite que segue em nosso percurso de olhar .


09 e 10.05.2012
 
 
Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva
 
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(1) http://2.bp.blogspot.com/-jOVKGdOV_XM/TmYUCiftnXI/AAAAAAAAACQ/Fq3l4xbvJxU/s1600/DSC07739.JPG

segunda-feira, 7 de maio de 2012

[encontro de levezas]




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no meio do caminho [...] encontro de levezas, rastro tímido de você . escuto a tristeza e ela tem sempre razão . quando não dou trela pra tal ou qual sentido, sinto a perna do tempo antes da queda . vou ao amanhecer rumo no teu encontro, espera . nem que a cor seja impossível ou que o tom ainda não tenha nascido, inventa-me aí, na própria construção de ti . reescrevo o chão que ainda não ouso pisar em tua estrada mais comum . vejo alguns erros propositais e a menina que ainda cresce . volteio em teus pensamentos com uma imagem minha: nela sei . estreito lapso que te trai e me convida ao banquete do que queres mais profundamente . amacio tuas dores, não por mim, e pelo rumo da neblina faço tramas de luz . alicio o vago sentido que me leva a você . sim, quero subverter tantas ordens já loucas, perdidas ad infinitum . pra que servem se não nos servem . meus princípios estão turvos do tempo que já nasce . amanhã já me visita hoje, com você, em seu melhor azul .


26.04.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://arquiteturanasintese.blogspot.com.br/2012/01/mercado-municipal-adolpho-lisboa-em.html