domingo, 20 de julho de 2014

[sentença]





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sempre se faz tempo desejado . madrigais de esquecimento . tanges calma pelas horas . por cá, limo avessos já desconhecidos . sete cabeças pensam por sul e norte . tabuadas esquecidas gritam murmúrios: lá ficam  sem prova e razão . madalenas renovam prantos . são tempos de desengano . um choro corta sentença, rasga o universo, lancinante . longe.perto, sangue irmão poliglota . restam trincheiras ainda . fronteiras como nunca, fechadas pra serem esquecidas, jamais transparentes . enquanto escrevo um anjo nos deixa mais órfãos . sonhos ensanguentados colorem um desenho riscado ao chão . imaginação traficada, brincadeiras bélicas . infância escravizada . reis meninos habitam os céus: hão de brincar com nuvens, a inventar traquinagens, trocar chumbo quente por infinitas pétalas de flor, fazer chover estrelinhas de elixir pra curar toda dor . dormem nossos filhos nessa hora insana . fábulas inanimadas, há muito ultrapassadas . vez e voz aos clássicos de guerra . lotam livrarias livros em branco. não basta viver batalhas sangrentas . o fetiche nunca se completa . 



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva


20.07.2014


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1 FONTE DA IMAGEM: http://3.bp.blogspot.com/-_QrwIR0DstM/UJW6GuSj-jI/AAAAAAAAFII/mREdU7qUcas/s1600/gaza3.jpg e http://arquivosdeimagensjuliana.blogspot.com.br/2012/11/sofrimento-palestino.html - ADVERTÊNCIA: as demais imagens desse site são chocantes, mas necessárias para entender o que se passa nessa parte do mundo.