quinta-feira, 3 de novembro de 2016

[ céu ]





































(1)





desce, céu, e se derrama aos nossos pés . sangue ainda tinge revoluções . caduca nosso ouro barroco: não há fronteiras nem éticas . absurdos monocromáticos tomam ruas . estão à venda abismos inventados . ódios são comprados à prestação - made in ...


desce, céu, e se espalha em nós . hecatombes cintilam nas vitrines: que nos olham, que nos compram . mercados de povos e gentes agora são virtuais . rios vermelhos correm sob guerras . vil metal atende por nome e sobrenome: estrangeiro . 

desce, céu, e apenas se nos dê possível . trocamos palavras por preces . tudo agora se liquefaz . cada ferida abriga uma luta . ser se faz sinônimo de luxo .


desce, céu . porque não é todo dicionário . porque as cores vão s' embora . porque roubaram Van Gogh e a Noite não pode ser mais Estrelada, entre azuis e amarelos . 


desce . céu e cinza, [h]a.penas .




Andréa do N. Mascarenhas Silva



03/11/2016



----------
(1) FONTE da imagem (gif): Van Gogh, Noite Estrelada 
https://68.media.tumblr.com/3f02bf174db056943123d7248bd685d1/tumblr_nxfxvb923a1qkp2xyo1_500.gif



2 comentários: