segunda-feira, 21 de maio de 2012

frio


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recorro ao frio que me despe da pele que quase ninguém vê . sentimento difuso amarga a boca e também desfaz imagem branca de você . esqueço que sei ter menos do que sonho . não importa, trato a lida com perseverança . nossa areia está sempre renovada com novos sal, passos e águas . estalo os dedos pra lembrar daquele amanhecer . viagem desencontrada se prepara pra outras tentativas e itinerários em uma de nossas rotas possíveis . estamos no desafio que um dia tracei sozinha e à tua revelia . por aqui te entrego o mapa das terras improváveis, quem sabe pra despertar a coragem que já não cultivas como antes . fechas a porta ao bardo audacioso em nome do código de mil nomes, da regra imposta por alguém e de tantas etiquetas que já talham teu espírito em veste quase eterna, se quiseres . falo do instante que te convoca, mas que não te permites viver e construir ao mesmo tempo . não precisas da palavra jogada ao vento e sim da que podes oferecer a este ser lírico em que me converto agora . lembro mais uma vez que os desafios não se ajustam exatamente ao que se pede: vão além, sempre . tocas a imensidão sem querer, imagine quando quiseres com cada força que te anima . esqueces o ouvido e a voz alheia pra poder fazer ecoar um cântico novo, insurgente na medida exata do que ainda não foi pensado, pronto pra abalar e fazer emudecer os que se deixam conduzir por protocolos pintados de cinza . as vezes dizemos sim, em igualdade de grandeza, ao totem que nos quer menores e de preferência perplexos .



21.05.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://closure-of-the-soul.blogspot.com.br/

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