sábado, 11 de agosto de 2012

[de cegueiras e proximidades]

(1)


sim, teço instantes que não quero tangíveis . se bastam e me bastam se forem entre, ao redor, nas proximidades que me endereçam a ti . não sei se é preciso ser cego pra aprender a tatear outros sentidos . longe também se vê de olhos fechados . pela atmosfera do silêncio que emanas sou tocada . aprecio um cuidado amputado de gestos e ainda assim capaz de ultrapassar o tempo imposto . exalas presença mesmo na palavra técnica, no caminho que escolhes pra não coincidir exatamente, na indireta que ricocheteia e me acerta em cheio à tua revelia . não preciso de palavras líricas pra (re)conhecer teus sentidos: marejam por teus olhos e neles sou sereia indecisa . escolho o mar entre nós em que não se faz preciso ver pra confirmar presença .



01.08.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) Foto: acervo particular da autora.

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