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[ Filosofia em Amarelo ]**
borboleta amarela se acerca de mim em teus matos.flores . incerto vai
meu corpo pelo mundo, em voo raso, quase ao chão . algodão desgarrado me
abriga em pouca trama . perco a casca do que não sei, antes de presumir
um fim . almejo filosofia de passarinhos, pouco assustados com mal
tempo ou espinho . ainda não decifro lágrima espontânea porque me
ensinaram a contê-la . pratico exercícios de oscilação, pra não perder
sempre o equilíbrio rarefeito . lírica me abandona enquanto é tempo de
insurgências por escrito . cresce uma cegueira exteriorizada, vendida
por qualquer tostão . erva daninha nos alcança, sorrateira, sem disfarce
. voltamos à borboleta amarela ou ao tempo oco da mera contemplação .
FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=2851)
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[prezada desarmonia]**
I
venho por meio deste
por meio
d’isto
pensar
um monet de rua
enfim um monet desavisado
desqualificado
com pincéis
de flores
com sprays
de animação
logo
tópicas
mal’amadas
de pouco
a mais
barrado
no sarau
do desespero
II
um monet
de quinta
essência
(des)guarida
apaixonado
por efêmeros
e
fuga.cidades
III
para os devidos fins
de esquerda
pelas cores.suportes
e pintura
de teto.céu
deixo estatuído
em epígrafes de chão pisado
que a beleza
pode ser
gratuita
fluida
fru.ida
e flutuante
em meio a sexta e sétima avenidas
inclusive
a que pede esmolas
em chapéu
puído
à beira da instabilidade
de um meio
fio
FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=2458)
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[ água furtada ]**
< Na rua das albufeiras
não há porto feliz >
teu desejo em linhas rasas
formam ondas em meu ser
pelas calles do coração
há fremosas compulsões
tem rostos assombrados
epifanias de nós
em asas de passarinho
vão teus sorrisos e mais
das abas de meus sentidos
nascem nossos retratos e sós
mares, desesperança
outros dias, novos sais
navego lembranças d’agora
contigo digo adeus aos ais
tuas noites, madrugadas
nunca amanhecem como nós
não há mais portos decadentes
já nascem ruas em teus céu e sol
brilham ruínas nesse instante
reconstruídas todas por eco e voz
< Na rua das albufeiras
não há porto
só gente feliz >
FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1762)
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[ casca ]**
vinho de hoje
não lava feridas velhas
nem fogos
ou água salgada
muito menos o sol que vence a madrugada
não recubro chagas
que ainda não sararam
daí
em vão compras esfoliantes
e areias brilhantes
novas cascas nascem
por baixo pululam velhas dores
miras espelhos alheios
e não te vês
por cá
viajo a outros centros
com cada eu que me constitui
passeio
em mares de dentro
que me navegam
piso seixos
nem sempre arredondados
tiram e me dão átimos de imensidão
impressão de pessimismo
ronda esse rastro d’escrita
maré de amanhã
molha já minh'alma
dessas páginas de ontem
azeito riscos
e teus ditos insanos
me trazem lumes rabiscados
torpes palavras que não me deixam
buscar pontos
ou finais
FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1650)
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[ inocência ]**
talvez o único valor a salvar desse mundo, talvez o último, o
derradeiro poder . sempre vale a pena preservá-lo . sob o massacre dos
astutos definham afagos que se vestem de nossas almas . sou longe como o
tempo que me separa de mim mesma, menina . como a água de mar dengoso,
aos nossos pés salgada . espio tua poesia: exala olor de lirismos
amadurecidos . com teus olhos me casei e fui feliz . tenho direito a um
passado que não vivemos, pois que (pre)sinto . teus músculos de ouro
frágil, zangam toda. qualquer maresia . medo ou vilania de tua torpe
donzela alimentam meu corcel de irreverência em disfarce de utopia .
lavas pincel em teu sangue purificado a tão alto preço . esquece a
facilidade adocicada de teus dias futuros . entregas a chave do tesouro a
quem já deitou na cama e traiu a fama . mergulhas de volta em teu
temp(L)o máximo . de minha madrugada vislumbro a tua: insones aprendizes
de parcas dimensões a(poetizadas).
FONTE:
(http://canalsubversa.com/?p=1514)
Andréa Mascarenhas
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**ILUSTRAÇÕES by:
1) Marília Moser – SubVersa setembro 1, 2015 - Vol. 3 | n.º 3
2) Guilherme Wendt – SubVersa julho 1, 2015 - Vol. 2 | n.º 12
3) Juliê Caroline – SubVersa fevereiro 28, 2015 - Vol. 2 | n.º 4
4) Pedro Fonseca – SubVersa fevereiro 15, 2015 - Vol. 2 | n.º 3
5) Deb Dorneles – SubVersa fevereiro 1, 2015 - Vol. 2 | n.º 2
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