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alta madrugada em que ainda não me perco . ares movediços . estilhaços variegados por pouco passam rente . última rés do chão desse meu ínterim . descubro calçadas mortas, fachadas recolhidas, ensimesmadas no tempo que não mais corre . alimento horas irredutíveis além da chama, que se faz de débil . as matinas não tardam em mim . portas se encerram ante ventos implacáveis . não recomendo esquinas previsíveis . espelho nossa fachada com tintas de humor . na ânsia de seguir nos descobrimos falhos . rodam a maçaneta e deixam escapar instante mais arredio, o que celebra silêncios desprestigiados . atravessam-me luas tristes, embebidas em puro sortilégio . amanhã casa com hoje e não só nos versos da canção, que nem chegam e nem deixam outros instantes engatilhados, somente se precipitam em novas estações .
31/03/2013
Andréa do N. Mascarenhas Silva
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(1) Foto: acervo particular da autora.
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