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quero escrever noite molhada .
verde.sertão que hoje ainda se pinta de cinza . passo sob a chuva fina e me molho por querer . quase garoa, quase terra molhada como na cor dos sonhos . aperto o passo e ouço nosso passado . a vereda das pedras tristes está coberta pelo orvalho de um pranto ressentido, de um alegre que beira ao desespero contido na garganta .
quero a pele úmida pelo frio da madrugada .
isso já vivemos e nunca nos contentamos em apenas lembrar . miro tuas idiossincrasias sertanejas tatuadas em discurso cambiante . finges bem . atravessas um tempo regado a charmes que logo findam com a fumaça das noites fulminantes que trazes no peito . mal conheço a escrita de tuas noites também molhadas por outras línguas .
quero descer com a neblina escura e me banhar na raiz de teus pesadelos prenhes de desejo .
saber que sou como aqui em meio a tuas dúvidas sinceras me basta . perco imensidão pra te dar espaço de observação . pinto teus azuis com tintas imaginadas mas não impossíveis . tenho livre consentimento para ir.e.vir de tuas quimeras, lembras . façamos da noite intrépida ponte para nossos risos imperfeitos, distantes, e que nos aproximam cada vez mais do impossível que poucos divisam em nós .
11.06.2012
Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva
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