(1)
ar
anjos rodeiam minha noite sufocada
angústias se escondem em minha sombra
não há palco suficiente para encenar tantas dores
escorrego sobre notas de vilania
encontro espelhos que retorcem qualquer realidade
minhas mãos congelam sem sentimentos
amanhã não chega pra esse hoje
no encalço do vazio vislumbro tempestades
um sonho de cobras que se autoreproduzem me desperta em suspenso
23.10.2011
ramificar
pelo caos vejo-me de longe
devagar quando tudo corre
penso no lamento e caminho, simplesmente
(des)acelerar e pela contramão, porque essa redundância não me é demais
fim de tarde me oferece luz em flor
com esse brilho atinando meus sentidos visto flores para o pensamento
quero me espalhar, sobretudo por tuas idiossincrasias
posso acompanhar o fluxo de tua memória exteriorizada
faltam apenas mais uns dias para mergulhar em teus mistérios editados
13.10.2011
braseiro
lua chorosa de abril
meninas olham pelas janelas a madrugada
lençóis feito neve abandonados
estalos de viv'alma espantada
martírios postos ao leito de um rio quase seco
ecos de nós soltos no estradeiro
trago a chave velha da memória
e uma garça solitária me enternece de passagem
ao lado da estrada chafurdam a lama outros de nós
percorro a via de revés
elaboro meu pensamento mais contagiante
existo no vácuo desse nosso encontro
11.10.2011
[Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva]
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