(1)
Nada. Mas há dentro desse espaço ao menos um eco de mim que se expande e chega até você.
Repare: aliás os espaços enganam, ainda mais se forem os recônditos, os ermos, os de segredo.
passo a vida pelo teu avesso
e sei que nunca é quase nada
rodopio em meus ais
um concerto onde bailo com vendavais
e no salão
nada além de você ou o nada, além de você
respingos de nossas memórias inventadas
dão exemplo desse espaço cheio de vazio
nada e ninguém nos roubam isso
é tino preencher os espaços
a humanidade é dada a isso
pontes e pontes sobre abismos
registro mesmo assim meu desatino
não sem certezas do feito
e sim, sem o tom de absoluto que está fora de mim
Não quero essa lírica exata, pintada de razão em várias cores. Solto as rédeas das palavras. São potros livres e aqui podem tudo. Selvagens em talhe sóbrio: não, não combinam. Remendo estes versos com prosa frouxa, para além da exatidão, em fuga dos dicionários. Encontrei palavras trêmulas, escondidas no nada. Lá haviam um.sem.número de imagens, precipitando-se já em quase fantasmas. Não resisti e lancei mais uma ponte possível e de lá puderam sair radiantes. O nada é quase tenebroso, não fossem os apelos de ninguém e de nenhum.
09/06/2011
[Andréa do N. Mascarenhas Silva]
-------------------------
(1) FONTE da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3Wfwyf-xxi4Z614eAXGKA7u0ygyFVL5eK6twcECGVpX_Z60Ui2-YKTdbls2LLeOoROOSpdskpOtxQWMtQEZlWj6nUOKIIBanFpGdyfea7crE5ajxdGkEaKix1l3lTgqVTXc6awANiURs/s1600/darkness-forest-night-image-31000.jpg
Nenhum comentário:
Postar um comentário