(1)
meu barquinho envelhecido
parte da interseção do horizonte
e tenta chegar em águas de novidade
salto contra a gravidade
invisto no impossível
no mínimo faço instantes inusitados
não gosto de um só suporte
do papel ou da página em branco.só
escrevo agora pelo avesso
As vezes penso em lírica subalterna, em verbo sempre no masculino a imperar ordens sobre o que escrevo e lembro de Bachelard, quando fala de sua busca pelo feminino das palavras. Então acalmo a pena e esqueço as tradições. Quero escorrescrever ou escrever em volteios escorregadios, sem deixar nenhuma rédea me guiar. Deixo a lírica ir à frente, para saltar sobre seus rastros e compor os meus no rumo que quiser. Os desenhos que minhas palavras formam ainda são hieróglifos pra mim. Não posso decifrá-los todos e nem quero. Há espaço no que escrevo para uma poética sem fim, feita de leituras alheias e de leituras que escrevem em outros idiomas e tintas.
rasgo de insensatez
estranha lucidez
quero assim minhas palavras
interseção
[Andréa do N. Mascarenhas Silva]
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(1) FONTE DA IMAGEM: http://www.flickr.com/photos/ljkay/3691323794/in/photostream
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