sábado, 11 de agosto de 2012

[de olhos e distâncias]





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carrego a paz de teus olhos congelados no instante do byte . universo possível . combinas muito bem fogo e frio à revelia da diferença . tua presença me alcança em voo silencioso com a noite . a distância prepara nosso tapete de estrelas, onde nos damos ao sabor dos ventos de ontem . tempo e passado não nos separam, como pensam e querem razão e espantos . vejo e me vês, sinto e me sentes impossivelmente, como vaticina esta palavra.nascente, caudalosa e quente como nosso peito no mais exato desse agora .



31.07.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://coreseoutrosamores.blogspot.com.br/

[de cegueiras e proximidades]

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sim, teço instantes que não quero tangíveis . se bastam e me bastam se forem entre, ao redor, nas proximidades que me endereçam a ti . não sei se é preciso ser cego pra aprender a tatear outros sentidos . longe também se vê de olhos fechados . pela atmosfera do silêncio que emanas sou tocada . aprecio um cuidado amputado de gestos e ainda assim capaz de ultrapassar o tempo imposto . exalas presença mesmo na palavra técnica, no caminho que escolhes pra não coincidir exatamente, na indireta que ricocheteia e me acerta em cheio à tua revelia . não preciso de palavras líricas pra (re)conhecer teus sentidos: marejam por teus olhos e neles sou sereia indecisa . escolho o mar entre nós em que não se faz preciso ver pra confirmar presença .



01.08.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) Foto: acervo particular da autora.

[universo quase]

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de um lapso fazemos quimera . deixamos de trocar palavras constantes pra nos darmos ao olhar enviesado . já convencionamos nosso tempo particular . parece que nos contentamos com menos . não, já nos supre a abundância sinestésica que inventamos . elementar interpretação de nós não nos desvenda . vivemos um mistério em paralelo . à pouca luz, viajamos por outro escuro . sem pressa, fazemos nossa hora implodir dias rasos . quase ou pouco mais que nada nos rende universo só nosso . perto-longe, tanto faz: somos pele sensitiva à distância, arrepiada sob a expectativa de um pensamento simultâneo, de um coração à espreita e já não mais solitário . mira da tua janela o luar: o mesmo que agora recolhe nossos sentidos soltos ao vento .


04.08.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva


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(1) FONTE DA IMAGEM: http://meumodestouniverso.blogspot.com.br/2011/02/quase-nada.html

[jardins do meu sertão]

 


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olhos pastam no verde da paisagem . do alto, a colina se mostra garbosa, com orgulho da vista que presenteia . passantes derramam flores que colorem suas saias e o chão vira outro . barrigudas floreiam de branco o pouco cinza que teima em aparecer ao longe . amarelos e azuis pintam encostas . estradas de chão dividem espaço com abundância de pedras e rico matiz de verde.pasto . carcaças de gado morto ficam esquecidas no chão onde a alegria vem se derramando em águas, lágrimas e chuvas . ouço a música da correnteza que já vem forrando o leito dos fios de rio . menina já brinca com os cabelos de milho em forma de boneca . jardins de meu sertão, retrato solto no rastro da imensidão .



06.08.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://jorgebichuetti.blogspot.com.br/2011/01/diario-de-bordo-rosa-do-rosa.html

[miniconto] SAGA

 


 
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SAGA I - ENTRE NÃO SEI E SEI ...uma vez era inversão e pouco, ficou sendo sem querer para um tempo que não se mede . mudar, formar, ousar, eram outros ao cabo de si mesmos . pares, intelectuais talhados nas ondas do dion . vida e rumo diferentes .


Saga II - ENTRE FARPAS E DELICADEZAS ...reza a lenda que o amor continuou a reinar, "calmo e lépido", lá pr'as bandas de Monte Santo, incrustado nas rochas que ainda se chamam coração...



07.08.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://www.panoramio.com/photo_explorer#view=photo&position=48&with_photo_id=39588677&order=date_desc&user=3593361
FOTO DE: Jorge LN - Neblina no alto da serra (Monte Santo-BA) - direitos do autor.

[impacto]




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resisto ao ar que me abala . caminho por estrada estreita sem vislumbrar atalhos . vai solto meu sorriso, deslocado, na rabiola de teus azuis . sei de outros tempos, da ronda de nosso carrossel que ainda volteia na memória . durmo.acordo à sombra de um paraíso talhado em tempo mais que perfeito . nosso coletivo se impõe mais do que a hora rarefeita em que nos vemos agora . salto em movimento antes de esquecer a sensação de nós que ainda reina em nosso entre.tempo .


10.08.2012


Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) FONTE DA IMAGEM: http://cynthiamadonnita.files.wordpress.com/2011/10/2052225-3005-rec.jpg