segunda-feira, 11 de junho de 2012

[chuv'ainda]


(1)





quero escrever noite molhada .

verde.sertão que hoje ainda se pinta de cinza . passo sob a chuva fina e me molho por querer . quase garoa, quase terra molhada como na cor dos sonhos . aperto o passo e ouço nosso passado . a vereda das pedras tristes está coberta pelo orvalho de um pranto ressentido, de um alegre que beira ao desespero contido na garganta .

quero a pele úmida pelo frio da madrugada .

isso já vivemos e nunca nos contentamos em apenas lembrar . miro tuas idiossincrasias sertanejas tatuadas em discurso cambiante . finges bem . atravessas um tempo regado a charmes que logo findam com a fumaça das noites fulminantes que trazes no peito . mal conheço a escrita de tuas noites também molhadas por outras línguas .

quero descer com a neblina escura e me banhar na raiz de teus pesadelos prenhes de desejo .

saber que sou como aqui em meio a tuas dúvidas sinceras me basta . perco imensidão pra te dar espaço de observação . pinto teus azuis com tintas imaginadas mas não impossíveis . tenho livre consentimento para ir.e.vir de tuas quimeras, lembras . façamos da noite intrépida ponte para nossos risos imperfeitos, distantes, e que nos aproximam cada vez mais do impossível que poucos divisam em nós .



11.06.2012



Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva

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(1) http://2.bp.blogspot.com/_9fCtxEgZi3Y/TSvPw8iks3I/AAAAAAAAEXc/aU3gPIFrf8M/s1600/chuva.jpg



terça-feira, 5 de junho de 2012

[poética dos pés]






















(1)




dos pés

faço chão

da bruma

imensidão

vasto império das manhãs



vem, aurora

empresta-me cor

seu traço roubado

perfaz meu torpor

vestida de SOLidão



da réstia que passa

peço emprestado rio.sensação

doce carícia de tempo

que escorrega sobre nós

e a imprecisão



de soslaio

encosto a imaginação

em teu tempo sedutor

perfumado em nossas eras

abrasado pelo toque sempre presente



na calçada

deixastes o passo ao lado do meu

na mesma vereda

das eternas pedras tristes

por nós


(...)
perco a réstia da árvore que já não vejo

mas não o assombro

da tua mão a serviço da convenção



05.06.2012





Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva


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(1) Foto - acervo particular da autora.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

[anarquias e ...]

(1)





não recordo a palavra . no tom da insurgência me pressinto . salto a marcha rotineira . não sei prever meus sentimentos, quiçá os teus . volto na quimera e fabrico sonhos quase impossíves para o futuro . verto música nessa aurora só nossa . busco ler teus segredos públicos em franco exercício de te conhecer como só eu posso . conheço um pouco de teu hoje, nada de teu amanhã e re...ino em teu passado vivo . acerco-me das pistas que deixas à mostra de propósito . somos cúmplices.autores nessa trama consentida . no liame da saudade tuas palavras.protocolo chegam até mim: sinceras, mal disfarçadas em verbo de ofício, por baixo dos sentidos há imaginação latente e que posso sentir apenas com simples leitura . quero ler convite em tuas dúvidas falsas . não me vejo mais longe dessa sandice que me queima em deleite ingênuo e que nos faz diferentes mesmo quando protagonizamos não mais que um singelo flerte à moda antiga, arte quase completamente esquecida hoje . eis um de nossos bailes .
 
 
03.06.2012
 
 
 
Andréa do Nascimento Mascarenhas Silva
 
 
 
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(1) Imagem: http://escolabela.files.wordpress.com/2010/03/dsc03138.jpg